quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

FIM DO MUNDO EM CUECAS... NO METRO!




Mais de 30 cidades vão juntar-se à iniciativa lançada em Nova Iorque


Sem programa para domingo? Que tal "pregar uma partida gigante" aos lisboetas? Só precisa de estar disposto a ficar sem calças no metro e de capacidade para o fazer sem perder a compostura. Estas são as regras essenciais para participar na 2.ª Viagem Anual de Metro "Sem Calças!" em Lisboa, explica Francisco, um dos organizadores, também conhecido como "agente Somos".

Na verdade, há mais algumas regras. "Não tragam tangas, nem nada que possa ofender os outros passageiros", diz o site da iniciativa (improvlisboa.blogspot.com). E usar kilts, saias, calções, vestidos e colãs não conta - apenas cuecas e boxers respeitam o espírito da iniciativa. O objectivo é o mesmo das outras acções do grupo ImprovLisboa: trazer um pouco de caos e alegria à vida na capital. "É uma partida sem vítimas e que, em princípio, causa sorrisos", diz Francisco.

A ideia veio do grupo nova-iorquino ImprovEverywhere, que lançou este evento em 2001. Entretanto, o "Dia sem Calças!" tornou-se popular noutras parte do mundo. Este ano está a ser organizado em 35 cidades, de Nova Iorque a Buenos Aires, passando por Tóquio e Barcelona.

Lisboa já é repetente. Em 2009, o grupo conseguiu juntar 40 participantes. "Em cidades como Nova Iorque, onde no ano passado participaram 1200 pessoas, já deixou de ser um exercício para causar sorrisos e é mais uma parada anual, mas o público lisboeta é muito diferente", acrescenta Francisco. O estudante de Comunicação acha que "os lisboetas são muito mais metidos consigo mesmos e que, por isso, este evento é importante para reclamar o espaço urbano e abrir horizontes nas cabeças das pessoas".

Por isso, além dos "agentes habituais", na maior parte amigos de Francisco, usaram o Facebook para recrutar mais gente. E até ontem 286 pessoas já tinham manifestado a sua vontade de aparecer. "No ano passado as pessoas que participaram eram maioritariamente jovens, porque ainda há algum acanhamento", diz.

Para o jovem de 20 anos, que também faz parte de um grupo de teatro, não é nada complicado tirar as calças. Basta "entrar na personagem", afirma - acrescentando que "há uma componente de encenação, como numa peça". Aliás, outra das regras para participar é "agir normalmente". Se forem abordados devem inventar uma desculpa aceitável para estar no metro sem calças, como, por exemplo, "não suporto o calor nas carruagens".

Além do "Dia sem Calças!", o grupo também já organizou uma "Guerra de Almofadas", que juntou mais de 200 pessoas na Alameda Dom Afonso Henriques, em 2008. Mas as missões preferidas de Francisco são mais pequenas e mais secretas, factor essencial para manter o efeito surpresa. "Fizemos uma acção naquelas lojas de roupa que têm música muito alta. No momento combinado tirámos todos copos e começámos a dançar como se estivéssemos numa discoteca. Numa das lojas as empregadas acharam divertido. Noutra chamaram os seguranças." Afinal, a reacção das pessoas, a interacção, é parte essencial de uma partida.

O ImprovLisboa não é o único grupo a organizar eventos deste tipo em Portugal. Em comum têm o meio de comunicar: a Internet. Por agora, Francisco fica à espera de ver quantas pessoas aparecem mesmo no domingo, às 15.00, em Alvalade, mas têm "mais eventos na calha", revela.

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