terça-feira, 25 de agosto de 2009

PARA TI FILHA









Com a ajuda de Miguel Sousa Tavares e de uma crónica escrita para a revista Máxima, que eu procurava há algum tempo, e que o autor dedicou "a todos os pais que não se demitiram de o ser e que gostariam de acordar todas as manhãs com os seus filhos e vê-los adormecer todas as noites e não podem."
As minhas desculpas pelas adaptações.

"Gosto de espreitar o teu sono de criança, à noite, quando dormes alheia a tudo, e eu fico a ouvir a tua respiração e a alisar os teus cabelos. Às vezes, chego a pensar que é um desperdício ir dormir, porque o tempo voa e em breve já não serás criança. Nestas noites, como diz a lei, tenho-te à minha "guarda", o que é um prazer insubstituível e a que alguns chamam direitos e outros chamam deveres.
Gosto de acordar de manhã, quando ainda antes do despertador tocar, oiço o som do Canal Panda na sala, e fico a saber que tu já acordaste...
(...)
Infelizmente, é tão curto o trajecto, que chego a desejar uma camioneta a descarregar na rua que nos atrase uns minutos antes que o final de tarde nos separe. E embora eu saiba que não há carros à vista quando tu atravessas a rua para a porta de casa, vou contigo de mão dada, para que sintas ou para que eu finja para comigo mesmo que continuo a guardar-te até que a porta nos separe e outros fiquem contigo.
Porque há sempre uma porta que se fecha e que nos separa, ao contrário da casa, onde a porta do teu quarto e a do meu estao sempre abertas. Há sempre esta porta que se fecha sobre ti, outros que te falam e te escutam, enquanto eu caminho na tua ausência e na lembrança da tua voz, outros que sabem de ti o que eu ignoro, outros que por vezes se cansam de ti enquanto eu só te espero, outros que te vêem e te tocam enquanto eu olho as tuas fotografias espalhadas pela minha vida. Tão perto e tão longe de ti."
(...)
Posted by Picasa

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom post, muito bom artigo. Cada vez mais são os casos como o que se relata, infelizmente por vezes sem o melhor entendimento por parte do casal separado que parece que se esquece que quem mais sofre são as crianças...